Mais uma vez, graças a um punhado de homens e mulheres de boa vontade, a festa da N. Sra. Da Candosa se voltou a realizar no bonito Cerro da Candosa com a participação da FILARMÓNICA VARZEENSE.
Deixamos aqui uma das lendas locais:
Uma das muitas e várias lendas, sobre o Cerro da Candosa, diz-nos que nos tempos em que os “Moiros” “andaram” por estas terras, teria vivido nelas, um “Moiro” que se converteu ao Cristianismo e se fixou na “Várzea”, vivendo, assim, num local bem aprazível.Este “Moiro” vivia da caça, da pesca, apanhava castanhas(1) (existiam muitos castanheiros naquela área), trabalhava a terra e “procurava ouro, nos rios Ceira e Sótão”.Porém, a sua vida de abundância e de tranquilidade “atraiu a inveja” de outros “Moiros”, que cobiçavam o solo onde ele vivia, tentando apoderar-se das suas terras. No entanto, nunca conseguiram concretizar a sua ambição, pensando que o “Moiro-cristão” tinha alguma protecção ‘divina’.Vendo que era impossível expulsá-lo daquelas terras férteis, resolveram pôr em prática o seguinte plano, isto é, inundar o vale (“dando assim origem à lagoa de Sacões”?)(2)Para tal mobilizaram todos os “Moiros” que viviam no vale (numa área de vinte léguas), com o fim de susterem todas as águas dos dois rios que se juntavam no “Cabril”. Trabalhavam desde o nascer ate ao pôr-do-sol, sem nunca pararem, tentavam fazer um dique.Utilizavam bois para puxar as enormes pedras (calhaus) que iam sobrepondo umas sobre as outras. Durante uma tarde, quando pararam o seu trabalho, os “Moiros” encontravam-se contentes com o trabalho que tinham realizado. Finalmente, uma grande parte da “barragem” já estava construida, o que queria dizer que estavam no “bom caminho”, e assim, desta vez, iriam atingir os seus objectivos, isto é, barrar, finalmente, a passsagem da água para jusante do Cerro da Candosa. A religião muçulmana não lhes permite trabalhar à sexta-feira. Desde modo, regressaram, todos, a casa, para descansar. No dia seguinte voltaram ao trabalho, porém, ao chegarem junto da “barragem” viram que esta tinha desaparecido. Ofendidos e escandalizados, os “Moiros” meteram mãos à obra, com o fim de reconstruirem a dita barragem. Trabalharam muito duramente e com grande preocupação, durante muitos dias. A obra estava tão perfeita, que parecia ser impossível destrui-la. Porém, mais uma vez, numa noite, quando todos estavam a dormir, o encarregado dos “Moiros” teve um sonho. Neste, via a barragem, novamente, destruida. Acordou e correu, apressadamente, para fora de casa, para ver o que realmente se passava. Então, verificou, mais uma vez, que a “barragem” tinha desaparecido.Acusou os guardas, que estavam de vigia ao acampamento, exigindo saber o que tinha acontecido. Aqueles porém, nada podiam dizer, porque nada, tinham visto.Mais uma vez os “Moiros” não se deixaram desencorajar e, pela terceira vez, meteram mãos à obra. Recrutando mais ajudas, assim, mais uma vez, a “barragem” foi construida, com maior altitude até que quase atingiu a sua conclusão. Porém, nessa noite, o encarregado “Moiro” teve outro sonho..No seu novo sonho viu uma Senhora sentada num burro, no cimo do “dique”. Quando o pequeno burro começou a caminhar, as pedras caíram e o dique desfez-se.O encarregado “Moiro” acordou do seu sonho, em pânico, e correu para o exterior. À sua frente ali estava ela, tal como no seu sonho. Sentada em cima de um burro, estendeu as suas mãos e as pedras começaram a cair e desapareceram pelo vale. Ele tentou correr em direcção a ela, mas, como paralisado, não foi capaz de mexer nem as suas pernas nem os seus braços. Quando, finalmente, estava livre daquela paralisação correu para o local onde a Senhora passou e viu as pegadas do casco do burro, gravadas na pedra, que ainda hoje lá estão.Mas os Mouros não desistiram. Repetidas vezes recomeçaram a construir o seu dique, e repetidas vezes a Nossa Senhora aparecia no seu burro e destruía-o.Finalmente, os Mouros começaram a compreender que seria o poder divino que protegia o Mouro-cristão e que a Nossa Senhora foi enviada como mensageira divina, para impedi-lhos de levarem a cabo o seu plano. Finalmente, o encarregado Mouro procurou o Cristão e disse-lhe: “Tentei tudo que podia para destruir-te. Mas Deus protegeu-te e enviou a Nossa Senhora para destruir o “dique” que tentei construir, para afogar-te. Deixa-nos fazer as pazes, e ensina-me como amar o teu Deus.”
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